QUEM É O AUTOR?

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                 Um documento só tem validade se for possível atribuir-lhe autoria. A escrita à mão e as assinaturas são gestos gráficos psicossomáticos que contém inúmeros elementos, possibilitando sua individualização. É possível saber quem é o autor de uma produção gráfica manuscrita ou ainda indicar a que punho escritor pertence tal texto manuscrito.

             A individualidade da escrita é importante, pois cabe ao perito apontar o conjunto de elementos gráficos que caracterizam tal propriedade a cada escrita sob questionamento. Conclui-se que a individualidade e o ato de escrever são inseparáveis. Nem todas as escritas apresentam elevado alto grau de individualidade, tal como uma assinatura, mas a maioria tem um conjunto de características perceptíveis do escritor.

             Durante o processo de identificação de autoria de um documento manuscrito, cabe ao perito determinar quais características quando tomadas coletivamente correspondem à individualidade do escritor. Por exemplo, a dinâmica e o sequenciamento dos traços produzidos.

               Para tanto existem as Leis do Grafismo, sobre as quais o ato de escrever exige uma harmonia entre cérebro, cabeça, pescoço, braço, mão e, finalmente, dedos (sem esquecer daqueles que utilizam a boca ou os pés para escrever). Todo este sistema, tal qual uma orquestra, precisa aprender a escrever, ou seja, dominar a escrita como forma, como geração de formas e, ainda, de significados. Assim, uma lesão ou falta de um dos instrumentos na orquestra pode acarretar a não realização do gesto gráfico.

           Ademais, o “eu” escritor passa por uma evolução, desde os primeiros rabiscos, até a formação das primeiras letras isoladamente do alfabeto. Esta evolução comprova que a escrita é um ato aprendido, o qual segue nos primeiros anos um modelo apresentado pelo professor ou pais, seja na escola ou em casa. Este aprendizado segue um sinuoso caminho, entre diferentes estilos, tamanhos e inclinações; até que na fase adulta cada pessoa estabelece um padrão gráfico. Este padrão é memorizado, armazenado no cérebro, e a partir deste momento passa a ser executado sem dificuldades. Não é mais necessário lembrar o modelo aprendido na escola, nem mesmo ficar em dúvida como realizar tal letra ou conjunto de letras, o modelo está automatizado.

                 Deste modo, de tão automático que se torna o ato de escrever é que não se pode fugir ou fingir ser outro “eu” sem que se deixem marcas gráficas dessa tentativa. Pois, não se está tentando somente movimentar a mão e os dedos de forma diferente, para gerar outro traçado, mas sim, se está exigindo do cérebro que não produza o modelo automático.

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