GLEISI COM Z

Com a queda anunciada do Ministro Palocci, na semana que passou, Gleisi Hoffmann foi indicada pela Presidenta Dilma para arrumar a casa (civil). Até aí nada demais, pois sempre foi assim: rei morto, rei posto.

Mas o que tem chamado a atenção – ao menos eu tenho estranhado – é a forma como os locutores de rádio e os apresentadores dos noticiários, na televisão, pronunciam o (pré) nome da Ministra. Chamam-na “Glêici”.

Está bem, vamos esquecer o chapeuzinho no “e” e as regras de acentuação, porque não é de acento que tratamos aqui. O que interessa é que estamos carecas (está bem, eu estou) de saber que o “s”, entre duas vogais, tem som de “z”.

A TV Globo tem até "Lara com Z", um seriado de sucesso nas quintas-feiras depois da novela das 8, que é as nove, mas Gleisi (cuja correta pronúncia é com “z”) é dita com "c", reiteradamente, inclusive no noticiário das oito, que é as 8 e trinta, mais ou menos. Quer dizer, o “z” é posto onde não tem, e onde tem que ter não o pronunciam.

Li ou ouvi em algum lugar que a intenção do pai da ministra, ao registrá-la, era homenagear Grace Kelly, a eterna diva do cinema, Princesa de Mônaco. E aí entra aquela história de aportuguesar os nomes estrangeiros, de modo que Mike passe a ser Máique, que Washington seja Óchiton, e que Grace seja Greici, ou até Gleisi – o menos incorreto seria Greice, por conta de erro do registrador civil, ou do declarante.

Nomes grafados com equívoco pululam nos cartórios, e dentre os casos que mais chamam a atenção encontra-se o do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que era para seu Tadeu, em honra ao santo, mas que o pai, com forte sotaque germânico, muito comum no interior gaúcho, pronunciou Dadeus, ao registrador. E Dadeus ficou.

Então, se o “s” entre vogais tem som de “z”, a correta pronúncia de Gleisi, cujo “s” está definitivamente entre duas vogais, não pode ser Gleici, com “c”, e nem Gleissi, com dois “ss”, porque é um “s” só, mas Gleizi, com “z”. Não tem outro jeito.

Nas questões de nome não vale a intenção dos pais ao registrar o filho: vale o que foi grafado, e sendo assim deve pronunciar-se Dadeus, e não Tadeu, e Gleisi, com Z.

É uma questão de fonética, acredito, e por isso deixo a resposta para os entendidos. Não sou bom em política e menos ainda em gramática, mas há coisas erradas demais, tanto na política, quanto na linguística, que precisam ser corrigidas.

Quanto à Ministra Chefe da Casa Civil a torcida é para que ela literalmente arrume a casa, não varrendo a sujeira para debaixo do tapete, como muitas vezes acontece no meio governamental.

É o que desejam os brasileiros, independentemente do nome do governante, ou da pronúncia.

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  1. Lafaiete Luiz disse:

    Saboroso texto! A propósito, é incrível como existem nomes estranhíssimos nas serventias de registro civil do interior do Nordeste. Caberia, no encalço de vossa crônica (permita-me qualificar o que acabei de, num fôlego, ler), uma outra, sobre os prenomes sergipanos.

  2. J. Hildor disse:

    Desde logo ficamos aguardando a crônica do Lafaiete tratando dos prenomes sergipanos.
    Vem coisa boa por aí. E é cultura brasileira.

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