A ideia é desenvolver mecanismos de fortalecimento das famílias que enfrentam conflitos jurídicos relacionados à ruptura do vínculo conjugal
Como estou sendo como pai? Qual a minha responsabilidade para com meu filho (a)? Qual a minha responsabilidade como mãe para com meu filho (a)? O que eu posso fazer, qual é a minha parte nesta relação familiar que envolve pais separados e os filhos? Estes foram alguns dos questionamentos e reflexões colocadas para os pais que participaram da 6ª Oficina de Parentalidade e Divórcio, promovida este ano pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Nupemec).
A atividade, que foi desenvolvida na última sexta-feira (30 de novembro), na Escola dos Servidores, em Cuiabá, é voltada a pais que enfrentam processo de divórcio, bem como a seus filhos, e tem como objetivo minimizar os impactos negativos de uma separação no âmbito emocional e estrutural das famílias. Visa impedir a alienação parental por ambos os cônjuges e também promover uma tomada de consciência dos papéis que estes desempenham na vida dos filhos, independentemente da quebra do vínculo.
A ideia é desenvolver mecanismos de fortalecimento das famílias que enfrentam conflitos jurídicos relacionados à ruptura do vínculo conjugal (divórcio, dissolução da união estável, guarda, regulamentação de visitas, etc.), de modo que possam criar uma relação parental efetiva e saudável com os filhos. “Os trabalhos das oficinas são voltados para a família, a importância que a família tem na vida de um ser humano. O que os pais podem daqui para frente fazer para que os filhos se sintam agraciados tanto pelo pai, quanto pela mãe. Que eles possam ter esse laço de convívio para a vida toda. Que os filhos possam ter os pais sempre presentes na vida deles, esse é o grande objetivo da ação”, disse uma das expositoras da oficina do Nupemec, Evanildes de Oliveira.
Ela explica ainda que é feito um trabalho de reflexão, alertando os pais sobre o que eles podem fazer para melhorar o convívio tanto com o filho e com a outra pessoa que já não faz parte da relação conjugal. Em outras palavras, o que é possível fazer mesmo estando separados para dar ao filho um melhor conforto e bem-estar psicológico, emocional e físico.
Para a bacharel em Direito Barbara Régis, mãe de duas filhas, separada há três anos e enfrentando ainda uma situação complicada no relacionamento com o ex-marido, participar da atividade oferecida pelo Poder Judiciário, através do sistema multiportas, foi importante para entender e saber como lidar com isso. “Aprendi muito e vou por em prática para poder solucionar os conflitos e chegar a um entendimento em relação as nossas filhas, o que é o mais importante”, pontuou.
Nesta Oficina de Parentalidade foram convidados mais de 40 pais e mães, encaminhados pela Vara de Família e Sucessões da Capital, Cejusc da Vara da Infância e Juventude, Defensoria Pública e Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá. Eles foram divididos em quatro salas. Duas delas voltadas aos pais (que ficavam em salas distintas) e avós, uma para os filhos adolescentes e outra para as crianças.
Em relação às crianças envolvidas, nas oficinas foram realizadas atividades que induziam ao diálogo sobre o momento vivido, as relações familiares, a adaptação à nova vida e as sensações relativas às mudanças e aos seus genitores.
“Esse projeto proporciona um espaço seguro para a correta expressão de seus sentimentos, a troca de experiência com crianças e adolescentes que estão passando pelo mesmo momento, bem como estratégias e alternativas para superar os possíveis conflitos advindos da separação de seus genitores”, ressaltou a gestora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) do Juizado da Infância e Juventude de Cuiabá, Claudete Pinheiro, que foi uma das expositoras da oficina para as crianças.
As irmãs Maria, Joana e Carla (nomes fictícios) gostaram de participar das atividades desenvolvidas em forma de brincadeiras e rodas de conversa, de maneira lúdica. “Foi legal brincar, desenhar e conversar, gostamos de tudo,” ressaltaram as irmãs, que moram com mãe e tem mais seis irmãos por parte de pai.
Na sala dos adolescentes, foram explicadas as causas do divórcio, frisando sempre que eles não são os causadores deste acontecimento, além de ensiná-los a controlar suas emoções e se abrirem às mudanças que ocorrerão. De acordo com a psicóloga Rosely Barreto Coelho, um dos objetivos maiores das oficinas é levá-los a entender que a família deles não acabou e que os pais deles continuarão sendo seus pais, além de ensiná-los quais atitudes tomar diante da tentativa de alienação por parte de um dos genitores.“Durante a oficina aprendemos a ter uma expectativa melhor do que pode acontecer, do que já aconteceu, por que os pais às vezes entram em conflito. Agora consigo entender melhor o que estou vivendo com a separação dos meus pais. Quando os pais se separam a gente pensa que vai ficar sem o pai ou a mãe, mais aqui aprendemos que eles nunca vão deixar de ser nossos pais, e isso é fundamental para ajudar a compreender tudo que está acontecendo melhor”, salientou a estudante L.D.S, de 17 anos ,que participou da oficina junto com a irmã de 15 anos.
Fonte: Circuito Mato Grosso