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Clipping – Jornal Jurid – Duas companheiras podem dividir a pensão por morte?


As relações familiares ao longo das últimas décadas ganharam novos contornos fáticos e jurídicos que passaram a influenciar diretamente na questão previdenciária.

Um deles reside na possibilidade de que os casais possam constituir família sob a égide de uma união estável, instituto diverso do casamento, mas com contornos muito semelhantes.
 
Daí ser conceituada, pelo Código Civil, como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família (art. 1.723).
 
Ocorre que o mesmo Código não impõe como impedimento para que seja contraída nova união estável a existência de outra, permitindo-se, com isso a co-existência de uniões estáveis.
 
Na seara previdenciária a legislação dos Regimes Próprios limitam-se apenas a elencar a companheira como beneficiária da pensão por morte e reproduzir o conceito de união estável da legislação civil.
 
Além disso, a companheira, em regra, é considerada beneficiária cuja dependência econômica é absolutamente presumida, ou seja, basta que seja demonstrada a existência da União Estável.
 
Motivo pelo qual a jurisprudência vem admitindo que ambas sejam beneficiárias da pensão por morte, nesse sentido:
 
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. ART. 557, § 1º, DO CPC DE 1973. RECURSO CABÍVEL. FUNGIBILIDADE. PENSÃO POR MORTE. RELACIONAMENTOS SIMULTÂNEOS. RATEIO. TERMO INICIAL.
 
I – Embargos de declaração opostos pela parte autora e pela corré recebidos como agravo, recurso cabível em face de decisão monocrática, nos termos do art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil de 1973.
 
II – Diante do quadro probatório, é possível inferir que o falecido manteve concomitantemente dois relacionamentos amorosos a configurar união estável.
 
III – O benefício de pensão por morte nada mais é do que a substituição do segurado falecido, até então provedor das necessidades de seus dependentes, pelo Estado. Assim sendo, no caso concreto, vislumbra-se situação em que se constata a existência de duas companheiras simultaneamente, sendo imperativo o reconhecimento do direito de ambas ao benefício em questão, haja vista que ambas vinham sendo sustentadas pelo de cujus.
 
IV – A demandante faz jus ao benefício de pensão por morte, a ser rateado em proporção igual com a corré.
 
V – O termo inicial do benefício deve ser mantido na data em que proferido o julgado embargado, momento no qual houve o reconhecimento do direito da autora, de modo a habilitá-la como dependente, na forma do art. 76, caput, da Lei n. 8.213/91, pois a decisão anteriormente proferida foi reconsiderada, ante a ausência de citação de litisconsorte passivo necessário, não produzindo qualquer efeito.
 
VI – Agravos da autora e da corré improvidos (art. 557, § 1º, do CPC de 1973). (TRF3. AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0008105-68.2010.4.03.9999/SP. Rel. Des. Sérgio Nascimento. P. 18/08/2016)
 
Então, há de se concluir que em sendo comprovada a existência de duas ou mais uniões estáveis, a pensão por morte deve ser dividida entre todas as ex-companheiras.
 
Fonte: Jornal Jurid