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Clipping – O Globo – Resgatados na Tailândia, meninos e técnico apátridas podem receber cidadania

Três integrantes dos Javalis Selvagem e treinador vêm de regiões na fronteira com Mianmar

BANGCOC – A Tailândia considera conceder cidadania ao treinador e a três dos 12 meninos do time de futebol amador Javalis Selvagens, resgatados ao longo de três dias após passarem mais de duas semanas presos em uma caverna parcialmente inundada no Norte do país. Os quatro são apátridas: Pornchai Kamluang, 16 anos; Adul Sam-on, 14 anos; Mongkhol Boonpiam, 13 anos e o técnico Ekaphol Chantawong, 25 anos.

As famílias deles vêm de regiões na fronteira entre Mianmar e Tailândia e, portanto, os jovens não são considerados cidadãos sob a lei tailandesa, o que os deixa sem muitos direitos que seus parceiros do time detêm. Segundo Venus Sirsuk, diretor do Escritório de Registro do Ministério do Interior tailandês, o órgão de fato está cogitando tomar a medida para os quatro:

— Agora, as autoridades do escritório distrital de Mae Sai estão procurando por evidências do nascimento deles. Precisamos ver se nasceram na Tailândia e se tem ou pai ou mãe tailandeses — indicou a autoridade.

A discussão em torno do status dos quatro cresceu após o coordenador da célula de resgate e ex-governador de Chiang Rai, Narongsak Osottanakorn, dizer na entrevista coletiva após a missão que os 13 "crescerão como ótimos cidadãos da Tailândia".

A operação de resgate terminou na terça-feira, após três dias intensos de trabalho. Na primeira etapa, quatro meninos foram retirados na caverna no domingo. No dia seguinte, mais quatro. E, na terça-feira, os últimos quatro e o treinador foram salvos. Todos estão internados em um hospital em Chiang Rai e passam bem, segundo os médicos. Mais magros, mas sem sinais de estresse. Eles foram medicados e vacinados, e os que apresentaram indícios de pneumonia estão se recuperando.

Sirsuk não precisou, no entanto, quanto tempo deve demorar o processo de verificação e emissão dos documentos. Os três meninos têm identidades tailandesas, o que garante alguns direitos básicos, mas o treinado não tem status legal, o que o deixa sujeito à deportação e inelegível a serviços públicos, informou o jornal "The Guardian".

— Sob a lei tailandesa, pessoas apátridas conseguem obter alguns direitos básicos, como educação e serviço de saúde. Por isso, eles conseguem ir à escola, apesar do status — afirmou Puttanee Kangkun, especialista em direitos humanos na Tailândia da Fortify Rights, ao "Guardian". — No entanto, há limites em outras áreas, principalmente no direito a trabalhar e na liberdade de movimento, já que precisam de permissão para viajar para fora da província e também pode enfrentar dificuldades para solicitar passaporte.

A atenção internacional que o caso recebeu pode colaborar com a naturalização dos quatro, ainda que o processo de solicitação de cidadania considere caso a caso, segundo o Ato de Nacionalidade da Tailândia.

— Se há forte vontade política de autoridades de alto escalão, o processo poderia ser apressao, e os meninos conseguiriam nacionalidade tailandesa em curto período de tempo — sustentou Kangkun.

Familiares do técnico Ekaphol Chantawong, ou Ek, como é mais conhecido, dizem que ele "adoraria se tornar um cidadão tailandês". Ek é membro da minoria Tai Lue, um de vários grupos cujos integrantes se movimentam durante gerações pela região através de fronteiras abertas em colinas remotas entre o sul da China, Mianmar e Laos e no interior da colcha de retalhos de comunidades étnicas do norte da Tailândia. Muitas destas pessoas não têm cidadania tailandesa e são oficialmente apátridas.

— Ek é um homem gentil e humilde, que ama esportes, ciclismo e futebol desde que era pequeno — contou um de seus parentes, Charoenpol Rattanaweerachon, de 52 anos. — Sempre foi um menino do interior, por isso gosta da natureza.

O técnico demonstrou remorso numa nota enviada aos pais dos meninos que agentes de socorro retiraram da caverna, pedindo desculpas e prometendo tomar "o melhor cuidado possível" com os jovens.

Fonte: O Globo