As cidades sempre tiveram maior número de inquilinos quando comparadas às zonas suburbanas, em parte porque o custo de ter uma casa dentro dos limites de uma cidade está fora do alcance de muitos moradores, especialmente em locais de alto custo, como Nova York, San Francisco e Washington D.C.
Porém, o relatório, com lançamento marcado para segunda-feira, mostra uma mudança significativa na proporção de inquilinos das grandes cidades – mesmo em lugares de menor densidade e relativamente baratos, como Houston e Dallas.
A demanda por apartamentos cresce tão rápido que começa a superar a oferta em muitas cidades, elevando os custos de habitação em todo o país. “Como o número de inquilinos está crescendo, se a oferta de imóveis para locação não crescer – como não tem crescido na maioria dessas cidades –, as taxas de vacância vão cair, os preços dos aluguéis vão subir e mais inquilinos vão enfrentar dificuldades com os custos de habitação”, diz Ingrid Ellen Gould, diretora do Furman Center.
Em alguns casos, o crescimento do número de inquilinos reverteu-se para os níveis anteriores ao boom imobiliário, quando o crédito fácil e a não exigência de pagamento inicial permitiu que muitos inquilinos tornassem-se proprietários. Quando a bolha imobiliária explodiu, as pessoas voltaram a alugar, ou porque perderam suas casas na execução de hipotecas ou porque ficaram mais receosas de comprarem imóveis.
Em Chicago, os inquilinos, que representavam 53% da população em 1990, caíram para 46% no auge do boom imobiliário, em 2006, e voltaram a 52% em 2013.
Em outros casos, a evolução demográfica e a mudança de comportamentos têm diminuído o apelo do tradicional sonho americano da casa própria. Em Houston, apenas 41% da população era de inquilinos em 1970. A taxa subiu para 51% em 2000, diminuiu ligeiramente durante o boom imobiliário e, em seguida, começou a subir novamente, atingindo 54% em 2013.
As cidades do Texas têm visto um crescimento explosivo do emprego, por atraírem trabalhadores jovens, em início de carreira, ou de remuneração média. Brad Miller, que trabalha no mercado de apartamentos em Dallas, diz que os jovens que ele vê preferem alugar e estar prontos para mudar-se para lugares como Denver a qualquer momento, sem terem de se preocupar com vender seus imóveis.“Eles vão onde há emprego e onde o dinheiro está”, diz Miller, presidente da Encore MultiFamily.
Mark Tobia, solteiro de 27 anos, mudou-se para Houston em setembro do ano passado para assumir o cargo de gerente de projetos de construção no Group 1 Automotive. Ele escolheu alugar um apartamento em um condomínio da Camden Property Trust, não muito longe do centro da cidade. “Eu não queria comprar um lugar sem saber se gostaria de Houston ou se gostaria do trabalho”, diz Tobia, que desde então se adaptou a ambos.
Mas, para muitos, o crescimento lento da renda e a falta de poupança são as principais razões para alugar e não comprar, mesmo com as taxas de hipoteca em níveis historicamente baixos.
Acumular poupança tornou-se ainda mais difícil com os aluguéis em alta. Eles superaram a inflação nas maiores áreas metropolitanas do país, com exceção de Dallas e Houston, de acordo com o relatório NYUCapital One. Os aluguéis subiram mais em Washington no período de sete anos, com alta de 21% no preço médio ajustado pela inflação.
“Para muitas pessoas, o maior obstáculo para compra é poupar o suficiente para o pagamento inicial, o que é mais difícil se você está pagando um valor alto de aluguel”, diz Jed Kolko, economista chefe da Trulia.
O Furman Center concluiu que Nova York não tem mais a maior cota de inquilinos entre as grandes cidades, tendo sido ultrapassada por Miami, onde 65% da população paga aluguel – um ponto percentual a mais do que em Nova York. A maior cidade do país é uma das localidades onde o percentual de inquilinos declinou no longo prazo, passando de 71% em 1970 para 64% em 2013.
Entre as 11 cidades pesquisadas, a Filadélfia apresentou o menor percentual de inquilinos em 2013, apenas 44%, contra 37% em 2006 e 33% em 1970. Em todo país, 64% dos domicílios estavam ocupados pelos próprios donos e 36% estavam ocupados por inquilinos no fim de 2014.
No curto prazo, economistas e incorporadores esperam ver o percentual de inquilinos continuar subindo na maioria das cidades. “Eu não acho que o sonho americano esteja morto”, disse Miller, o incorporador de Dallas. “Ele está diferente, e está levando mais tempo para as pessoas realizarem esse sonho.”
Fonte: Valor Econômico – (Dow Jones Newswires)