Dicionário: o cartório da língua

O cartório da língua é o dicionário

Se existe um tipo de livro muito consultado e pouco lido é o dicionário. Dele se espera unicamente uma resposta, de preferência rápida e esclarecedora de uma dúvida que incomoda o seu leitor. O que se deseja, geralmente, é apenas obter uma simples e objetiva resposta; toma-se em mãos tal livro, busca-se uma palavra que gera dúvida em sua grafia ou significado e logo em seguida o devolve à estante. A  maioria das pessoas faz isso e se dá por satisfeita.

Muito interessante a definição dada para a função deste tipo de livro pelo conhecido Professor Pasquale Cipro Neto.  Em 01 de novembro de 2012, em sua coluna semanal do Jornal Folha de São Paulo, sob o título  Haddad e o "adéquam",  ele escreveu:

Como já afirmei diversas vezes neste espaço, o senhor da língua é o uso; como também já afirmei várias vezes, um dicionário é (ou deveria ser) o cartório da língua, ou seja, registra (e não determina) o que é uso, tomando por base os diversos registros da língua (o formal, o informal etc.). O dicionário não deve determinar o que pode ou não pode ser usado; deve registrar o que é usado e indicar em que caso ocorre o uso.  (sem grifo no original e com acesso possível emhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/1178689-haddad-e-o-adequam.shtml )

Para ser o cartório da língua, ou seja, para assumir o papel de repositório onde se encontre o registro dos termos usados pelos falantes e escritores, realmente o dicionário deve ser escrito de forma tal que limite-se e reproduzir os diversos significados atribuídos às palavras por quem as utiliza.

Não se deve esperar localizar em suas páginas o significado exato, preciso ou técnico de uma palavra ou ainda informação sobre o uso correto (ou incorreto) de uma palavra.

O fato é que classificar como certa ou errada uma definição técnica de um termo dada por um  dicionário não é algo fácil de ser realizado.   O erro ou o acerto da definição fornecida pelo dicionarista depende do critério ou do aspecto pelo qual se analisa o significado da palavra.

Exemplo interessante desta dificuldade é o registro que se faz nos dicionários de que os termos profissão e ocupação seriam sinônimos.

No uso comum, inegavelmente, a distinção praticamente se perde, entretanto, pelo aspecto econômico e legal, existem diferenças importantes entre os conceitos de profissão e ocupação e, por tal motivo, na atividade notarial e registral esta diferença não deve ser ignorada.

Este fato em particular será objeto de outro artigo a ser redigido por este tabelião de notas (uma profissão regulamentada por lei) e que em suas horas de ócio produtivo tem a ocupação de escritor / colunista deste blog. 

 

 

Últimos posts

EXIBINDO 0 COMENTÁRIOS

  1. J. Hildor disse:

    Muito bom. Fiquemos agora aguardando o autor nos brindar com o outro artigo, esclarecendo sobre profissão e ocupação.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *