Por que escreve este colunista?
A jornalista responsável pela organização e divulgação do Blog do Colégio Notarial questionou este colunista: Por que vale a pena escrever neste espaço? Antes de responder, o primeiro pensamento que tive foi outra pergunta: Por que perguntas simples têm respostas difíceis?
Dedico tempo e esforço para redigir os textos que ocupam este espaço – escrever sempre representa um sacrifício considerável para este colunista, um escritor limitado, ignorante, um eterno aprendiz da língua e da vida – e, na medida em que nada recebo por este trabalho, evidente que o faço motivado por alguma coisa. Mas esta coisa o que é?
Resumidamente devo confessar: uma satisfação pessoal me incentiva.
A esta altura o raro e inteligente leitor já deve ter tirado sua conclusão: Hummm… Então tá! Se este escritor tem tanta dificuldade para escrever, não ganha nada com isso e ainda diz que gosta da coisa! Provavelmente ele deve ter algum desvio psicológico, deve ser masoquista, alguém que gosta de sofrer!
Mas peço paciência e que o leitor ainda não desista de mim.
Se eventualmente tenho algum problema psicológico, certamente não é desta ordem. Aliás, regra geral, aquele que efetivamente possui algum problema psicológico não costuma admitir ou reconhecer o fato, além disso, como mencionado no início, as boas respostas não podem ser tão simples assim.
Por evidente, o prazer de escrever para esta coluna não resulta simplesmente da dificuldade de fazê-lo, mas de alguns resultados que, do escrito, eventualmente são obtidos.
Aliás, é bom que se diga: o simples ato de conseguir traduzir um pensamento, adequada e logicamente, em palavras escritas, coerentes e compreensíveis para terceiros, já representa uma vitória por si só, uma conquista do esforço intelectual do pensante. Mais importante do que a palavra falada, o texto que se escreve, por seu caráter de precisão e ausência de limites espaciais e temporais, representa forma rica e muito importante de comunicação entre pessoas. O escrito é perene, ele não se perde imediatamente após sua emissão (como ocorre com aquilo que se fala), não por outro motivo é que se considera como marco inicial da história da humanidade a criação da escrita.
É fato que, desde a tenra juventude, apesar da grande dificuldade em fazê-lo, sempre gostei de escrever e, por um destes acasos que acontecem na vida tornei-me profissional da escrita: um ESCREVENTE. Muito mais tarde (teria sido o destino?… Graça de Deus?…quem sabe?…), já no distante ano de 2005,por um título obtido com a aprovação em concurso público, tornei-me TABELIÃO .
Deixando de lado a história da humanidade e deste sofrível escritor, retome-se a questão inicial, com uma pequena variação: é de alguma forma importante ou relevante escrever e ser lido na torrente de informações que existe na internet?
Ao que parece (assim demonstra a história) as teorias e idéias de algum valor e relevância nem sempre são reconhecidas imediatamente no momento em que são concebidas ou divulgadas.
Ignorar os meios disponíveis na atualidade para divulgar o pensamento, representaria a perda de uma preciosa chance para auxiliar na mudança da realidade; seria desperdiçar a oportunidade, ainda que pequena e incerta, de melhorar o mundo em que se vive e que será deixado como legado para as futuras gerações (por razões de ofício, o tabelião entende de legado! – pelo menos de legado testamentário).
Se alguém se inquieta ou incomoda-se diante de fatos e coisas, ele pode e deve usar os meios que existem para expor seus pensamentos e causas de sua inquietação, atualmente, mais do que nunca, é necessário se expor e expor idéias para análise e questionamento da audiência que possa existir (audiência, ao que parece, sempre existirá)
Especificamente no que se refere a projetos como o desenvolvido pela Assessoria de Imprensa do Colégio Notarial do Brasil, segundo meu entender, a filosofia que deve orientar a postura e a ação de quem se propõe a participar, deve ser exatamente esta: O pensamento (registrado em escrita, para que se conserve e perpetue) que representa verdadeiro motor da história e de mudanças, deve ser compartilhado sem qualquer interesse econômico, pois a busca de vantagem individual é algo que não pode existir em uma associação de profissionais como é o Colégio Notarial do Brasil.
O incentivo último e fundamental para uma participação assim desinteressada dever ser a busca da promoção do bem de todos, hoje e no futuro.
Entretanto, confessemos, somos todos humanos, frágeis arbustos que pensam e que se julgam – vaidade das vaidades – como o centro do universo.
Por tal motivo os céticos afirmam ser os motores da história da humanidade apenas a busca de vantagens e satisfação imediata do interesse material, jamais a procura do justo e do bom (ou do necessário e o belo).
Falo agora por mim. De fato, se escrevo e me exponho é porque gosto de ser lido. As críticas e elogios que eventualmente recebo me motivam a ser melhor e mais ativo. Assim me sinto vivo e parte importante de uma engrenagem, de um sistema maior e impessoal (vaidade, portanto!)
Então é isso: se movido unicamente pela ética e por uma bela filosofia (e, portanto, com absoluto desinteresse pessoal), ou motivado pela mais pura vaidade e oportunismo, é importante participar de algum projeto coletivo com vistas a deixar um mundo melhor para os nossos sucessores ou descendentes.
Sou testemunha do gosto que o Marco Antônio tem pela escrita, pois acompanho todas as suas crônicas, desde os primórdios do blog notarial, sempre empenhado em trazer à discussão temas de interesse da classe, fazendo-o com extremada dedicação. Por certo não é por vaidade que escreve, mas por compreensão que notários e registradores precisam compartilhar conhecimentos, para o seu próprio fortalecimento.
Ok. Hildor. É verdade que notários e registradores precisam compartilhar conhecimentos. I isso é mesmo necessário para o fortalecimento de todos, inclusive de quem se dispõe (como você) a compartilhar o seu conhecimento. Mas também é verdade que as motivações últimas de todos nós, por vezes, são mistério até mesmo para nós. Dizem: Freud explica! (pergunto, será que explica mesmo?…). Forte abraço e obrigado pela gentil manifestação.