Já acabou, Jéssica? E 2015?
Ja acabou jéssica? E o ano de 2015?
Estranhou a pergunta título? Em qual planeta voce estava em 2015?
Se o raro leitor viveu o ano de 2015 no Brasil e no planeta internet será fácil enteder a pergunta provocativa. Explicar, entretanto, agrada ao autor destas linhas.
A primeira parte da pergunta título reporta-se ao que se convencionou denominar "viral".
Trata-se da reprodução do texto principal e encerramento de um vídeo curto reproduzido dezenas de milhares de vezes na internet e em outras mídias como a televisão aberta ou por assinatura.
Conhecer o inteiro teor dos poucos segundos do vídeo e sua repercussão é muito fácil, basta clicar em um dos diversos links desta rede, como por exemplo:
https://www.youtube.com/watch?v=Y8RsY98TzJU
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/11/25/interna_gerais,711277/jessica-da-sua-versao-para-briga-com-lara-e-confessa-me-chamavam-de.shtml
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2015/11/18/internas_polbraeco,506991/ja-acabou-jessica.shtml
Sao aproximadamente 20 segundos de um vídeo que reproduz uma cena bizarra:
Uma pessoa está caída ao chão e duas outras a agridem. São socos e pontapés violentamente desfechados contra ela. Após alguns instantes as agressoras deixam sua vítima caída no solo e afastam-se para além do âacirc;ngulo de visão da câmera que registra a cena.
Quase que imediatamente a jovem que está caída levanta-se, arruma os cabelos longos e agitando-se em atitude provocadora, com punhos cerrados, torax projetado para frente em uma postura corporal nitidamente provocadora e que claramente indica sua intenção, lança ao vento a desafio provocador: Já acabou, Jéssica?
O que aconteceu depois, as consequências de todo o ocorrido nada significam, não interessam.
Um bom viral é sempre assim. Basta que seja inusitado, estranho, levemente perturbador e provocativo mas não muito profundo ou racional. É consumo rápido, fast food de pensamento.
Mas a superficialidade rasteira não combina com os hábitos deste tabelião colunista.
A analogia da atitude da vítima da agressão, e heroína da história (Lara, é seu nome) com a vida de todos nós é algo que se impõe naturalmente: sofro, mas não desisto.
Apanho, caio, mas levanto-me e insisto em continuar.
Todos conhecem aquele outro viral alardeado pela mídia televisiva: Sou brasileiro. Não desisto nunca!
Em arremate, finalmente justifico a segunda questão, parte final do título deste artigo: Já acabou, 2015?
Neste ano de enorme dificuldade política e econômica, de consolidação e agigantamento de uma crise anunuciada; ano de emoções fortes, surpresas negativas, recessão e inflação, decepção e desemprego, só resta a nós cidadão brasileiros, com a mesma atitude de força e coragem demonstrada pela Lara em relação à sua agressora, levantar, sacudir a poeira (quiçá, arrumar o penteado) e enfrentar a dura realidade dos fatos:
Já acabou, 2015?
Ainda não! Não acabou ainda.
Esta é a resposta.
A vida (e a briga) continua.
(PS- Depois de concluído o texto, percebi que a historia (ocorridade em Alto Jequitibá – MG) envolveu, indiretamente, um colega do registro civil. A briga ocorreu em frente ao cartório da cidade, segundo informa o jornal Estado de Minas (siga o link acima): " … No Cartório de Registro Civil, todos se lembram com detalhes da briga. Foi às portas dele que as garotas trocaram sopapos. “O vídeo do quebra-pau foi feito dessa escada aqui”, aponta Juarez Antônio Barbosa, o responsável pelo estabelecimento. O caso, porém, não afetou os registros locais. “Olha, nasceram quatro bebês desde então. Três meninos e uma menina. E o nome dela não é Jéssica. Quem sabe a próxima que nascer?”, brinca.